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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

      Adolescentes: São felizes e não sabem?
Quem nunca ouviu aquela terrível fala: Eu era feliz e não sabia?
Nós que somos professores sabemos que sempre há um adolescente reclamando da vida, não estão satisfeitos com nada: corpo famíliar, professores, escola, tudo lhes parece sempre pior .
Certo dia quando conversando com uma dessas garotas percebi que ela se sentia completamente infeliz com o cuidado dos pais, a exigência dos professores, o seu corpo que, segundo ela, pesa muito menos do que toda adolescente tem direito, então me veio aquela imensa vontade de falar aquelas palavras que, pelo fato de praticamente todos os adultos já terem pronunciado, já faz parte do censo comum: menina quando você crescer vai ver que " era feliz e não sabia".
Mas percebi que seria completamente inútil usar esse argumento com alguém que está em completa transformação, com uma explosão de hormônios em seu corpo e que está preste a descobrir a responsabilidade da vida adulta. Percebi ainda que essa revolta, essa necessidade de expor seu ponto de vista e argumentar, pode até ser saudável, o difícil é encontrar uma pessoa que já descobriu que" era feliz e não sabia" para ouvir as reclamações dessa fase.
Assim a gente até entende o fato dessa faixa etária sempre andar em grupos e não abrir mão dessa organização, aliás os amigos por muitas vezes escapam das reclamações juvenis. É nesse grupo que vão falar de seus "problemas insolúveis" sem ser interrompidos por um cruel comentário: Você é feliz ... No futuro você vai ver...
É claro que nós que já somos crescidos sabemos que, entre outras coisas, o cuidado da família é essencial, um professor exigente é digno de agradecimento por toda a vida, e que o desconforto com o corpo é normal na adolescência, no entanto é bom lembrar que há certos saberes que não são passíveis de determinadas fases da vida, sob pena de na idade adulta a criatura querer "adolescer".
Então, nesse caso, o ser feliz e não saber é sentimento que não existe, é também puro desconforto adolescente tardio, isto é, quando adultos podemos no máximo descobrir que o que naquela idade nos fez tão infelizes, hoje pode ser uma das principais causas de nossa felicidade, mas que na ocasião não tinha como ser assim.

Professora Léia

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